quarta-feira, dezembro 20, 2006

Festas de fim de ano: Parte 1 - A festa do fingimento

Ah, o Natal! Eu não poderia deixar uma das festas mais esperadas do ano passar despercebida por aqui. É lógico que eu estou bastante atrasado, uma vez que em várias outras páginas na net os votos de “Merry Christmas” e afins já pululam na tela em número maior que spams e propagandas indesejáveis. E ainda estou sendo simpático comigo mesmo, pois se contar com o calendário comercial, estou atrasado desde outubro. A cada ano que passa, vejo o Natal perder um pouco mais do seu verdadeiro significado. Hoje, para a grande maioria das pessoas, Natal é símbolo de exercitar o consumismo, que vai da compra de presentes à suntuosa ceia. E mais do que nunca, é preciso exercitar seu lado ator para não deixar o espírito natalino ir por água abaixo. Quem nunca forçou um lindo sorriso ao receber do seu amigo secreto um chaveiro de plástico, depois de ter dado de presente um DVD duplo importado dos Estados Unidos? Quem nunca fingiu deslumbramento quando o amigo pediu a opinião sobre a iluminação tosca que ele fez na varanda do seu apartamento? E quem nunca fingiu adorar a comida da ceia que esfriou depois de ficar catando no prato as passas, frutas cristalizadas ou outros ingredientes que brotam em todos os pratos da ceia? Vale tudo para ser simpático e não estragar os atuais costumes, quando o verdadeiro espírito natalino deveria se concentrar na celebração do nascimento de Cristo. Mas como não é assim que as coisas funcionam, o jeito é entrar de cabeça nos novos valores e investir em atividades como o preparo de um jantar faraônico que sem sombra de dúvida vai sobrar e, certamente, render até o meio de janeiro. E para não destoar do que tem que ser uma verdadeira mensagem: tenham todos um bom Natal!

quarta-feira, novembro 01, 2006

A sujeira das palavras combinadas

Depois de meses sem escrever nada aqui estou voltando ainda sob efeito da reflexão que o texto de um grande amigo me fez ter essa semana. O texto era basicamente sobre nada, e ficou excelente. Um belo tapa na cara de alguém que se propôs a deixar nesse blog algumas idéias rebuscadas. Vou aproveitar a deixa, mas sem seguir o exemplo, pois não confio no que sairia aqui se resolvesse fazer a mesma coisa. O que vou falar é justamente sobre minha negligência com esse espaço, o que não deixa de ser uma bela maneira de encher lingüiça para ter um novo post. Mas não devo ser mal compreendido. Apesar de saber que tempo é questão de prioridade e criatividade é inerente a qualquer um (e frases clichês de efeito como essa também), não vou ficar me fazendo de vítima arrumando mil e uma desculpas pela negligência com meu blog. Eu simplesmente não escrevi aqui e acabou. Durante esse tempo eu confesso que ainda tentei forçar alguma coisa, mas não é assim que essa atividade funciona. Quando se tem motivo e disposição para escrever, é possível criar pérolas capazes de apetecer qualquer leitor. Já recebi elogios por esse espaço, como se fosse extremamente original, e agradeço de verdade. Mas isso é algo que qualquer um pode fazer. Um exemplo? Os ditos “maus alunos” de colégio. Muitos revelam todo o seu potencial quando escrevem um recado desesperado para o professor no lugar da resposta que não sabem. Esse é um fato que me leva a crer em algo bem interessante. Se meu blog fosse uma obrigação, eu imagino que tipo de absurdos altamente elogiáveis teriam sido publicados aqui nos últimos meses. Exatamente como esse que estou acabando de finalizar com minha encheção de lingüiça apenas para completar as famigeradas 300 palavras.

sábado, julho 08, 2006

Guerra vertical

Eu já escrevi sobre fatos engraçados que acontecem quando se mora num prédio. O motivo era o uso do elevador. Agora vou escrever sobre fatos desagradáveis. O motivo são os vizinhos. Apesar de não ter convívio com nenhum deles, faço questão de ser simpático e os cumprimento sempre que cruzo com algum deles nas dependências do prédio ou na rua, mas determinadas situações me tiram do sério. Por exemplo, ainda agora eu estava aproveitando meu final de tarde de sábado para tirar um cochilo. Não foi possível, pois os vizinhos do andar de cima estão praticando algum ritual estranho que parece envolver jogar futebol no computador ao mesmo tempo em que se faz uma aula de sapateado. O resultado para quem está tentando dormir embaixo é perturbador e, levando em consideração que isso é uma prática comum da parte deles, hoje resolvi revidar. Enquanto escrevo isso, o home theater do meu quarto está tocando no volume máximo a trilha sonora do jogo Need for Speed Underground 2. Para quem não conhece, são 26 músicas entre rock e eletrônica, daquelas que fazem bastante barulho. E vou deixar o som rolando até as dez da noite em ponto. É triste ter que entrar nessa guerra vertical, principalmente quando lembro que meus vizinhos de baixo também devem estar sofrendo, mas nem sempre se joga limpo numa guerra. Nem sempre conseguimos atingir quem queremos, mas em alguma hora vai funcionar. Quem começou com a história toda terá um pouco do próprio remédio e talvez crie um pouco de consciência. Eu disse que ia escrever sobre fatos desagradáveis, mas acho que me precipitei. Afinal, não consigo conter um sorriso ao ver meu quarto tremer com o barulho e imaginar que o pessoal lá de cima ainda vai ter mais quatro horas de música pela frente.

quinta-feira, maio 18, 2006

Paixão nacional

A Copa do Mundo está chegando, e com ela vem todo aquele nacionalismo futebolístico exacerbado, o verde e amarelo toma conta das ruas e deixamos temporariamente de ser o País do Carnaval para ser o País do Futebol. Sinceramente, prefiro a primeira definição. Já comentei en passant o quanto detesto esse esporte, mas não há melhor hora para isso do que agora. Eu estaria mentindo se dissesse que não vejo jogos. Mas isso só acontece durante as Copas Mundiais, e ainda assim se não tiver nada mais interessante para fazer. A final da última Copa mesmo foi maravilhosa. Aconteceu de madrugada e eu nem me abalei da cama para assistir ao Brasil conquistando o Penta. Vou citar três motivos pelos quais não gosto de futebol. Um é que eu sou muito inquieto, e não tenho um mínimo de paciência para agüentar mais de uma hora e meia de um jogo que não tem quase nenhum clímax, às vezes nenhum, quando a partida acaba no zero a zero (o que já ouvi definirem como masturbação sem desfecho). O outro, é que não dá pra confiar num esporte quando este foi corrompido pelas grandes marcas anunciantes. Se não souberem do que estou falando, basta lembrar da palhaçada envolvendo a Nike na Final da Copa de 98, quando doparam de forma cavalar nosso principal artilheiro para dar à França a oportunidade de ser campeã em casa. E o terceiro é que os arredores dos estádios deixariam Dante com vergonha de sua Divina Comédia, tamanho o inferno que viram. Portanto, que me perdoem os milhares de fanáticos brasileiros, principalmente os que xingam e se descabelam durante os jogos, mas da minha parte, vou torcer para o Brasil continuar apenas com o título de país do Carnaval, ou adotar algum esporte menos sacal como paixão.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

A terceira lei de Newton

Alguns momentos na vida de uma pessoa podem ser considerados uma viagem para fora de si. Por melhor que seja a índole do ser humano, sempre existirá uma situação que despertará nele os mais vis pensamentos. A visão maniqueísta do mundo é uma ilusão e, mesmo que seja real, definitivamente não me encaixo nela. Apesar de ser bastante pacifista, tenho meus momentos de pessoa calculista e vingativa. Características de um psicopata? Talvez. Influência do meu signo? Que seja. Mas se manifeste aquele que nunca desejou ardentemente e colocou em prática uma revanche. Ser um escorpionino me deixa numa posição nem sempre agradável, para mim e para os outros. Como disse, sou pacifista, mas certas coisas que aprontam comigo despertam sentimentos que passam longe da negligência e do perdão. Em casos assim, esquecer ou desculpar está fora de cogitação, pelo menos até que eu me vingue. Portanto, a quem interessar possa (e isso não é algo para se alegrar), aqui vão alguns aspectos da retaliação escorpionina. Se preocupe com a vingança, mas não com a intensidade. Salvo raras exceções nossa tendência é dar o troco na mesma moeda. Nem mais nem menos. Fique certo de que vamos usar um cinismo fora do normal e apresentar, de uma forma ou de outra, os mesmos argumentos imbecis usados para tentar justificar o que quer que tenha sido feito contra nós. E o mais importante: não se iluda com a demora. Podemos esperar anos até aparecer a oportunidade certa de colocar em prática o que foi planejado. Talvez eu esteja falando apenas por mim, mas quanto aos planos, é certo que eles serão bem elaborados, afinal, para um escorpionino, nada dá mais prazer do que pensar na melhor forma de saborear por inteiro nosso prato frio. E não é de sushi que estou falando...

domingo, janeiro 01, 2006

Seqüelas do tempo

Constatar as mudanças oriundas da passagem do tempo nas pessoas é uma tarefa interessante se deixamos de lado a futilidade que cerca o aparecimento de rugas, queda de cabelo e outras questões físicas. As mudanças a que me refiro são pequenas nuances da personalidade, que abrangem modos de pensar, gostos e até hábitos. Esta semana estive reunido com minha família, e tive uma boa oportunidade de exercitar essa atividade. Começo pelo meu pai, que sempre foi avesso a questões tecnológicas. Um simples ato de receber e-mails era motivo de muito cenho franzido, mas qual não foi a minha surpresa quando ele insistiu em mostrar uma mensagem de Feliz Ano Novo erótica que ele já tinha encaminhado sem dificuldade para outras pessoas. Depois, minha mãe me deixou sem palavras quando me repreendeu por estar lendo. Logo ela, que foi quem mais me estimulou a ler quando eu era criança. Não sei porque, mas acho que tem a ver com o fato de eu ter “engolido” um livro de 700 páginas em quatro dias. Em seguida, vem meu irmão, que me atormentou durante toda a minha infância e adolescência, mas que tem se revelado uma pessoa bem fácil de se conviver, inclusive nos momentos ébrios do reveillon. E finalmente minha irmã, outrora uma ávida devoradora de manteiga pura, hoje alguém que tem calafrios quando vê comidas gordurosas. Esses são pequenos exemplos, mas a grande questão é que o velho ditado do macaco que olha para o rabo dos outros porque o seu é curto demais se encaixa bem nessa reflexão. Em outras palavras, é fácil ver o tipo de mudança que os outros sofrem, mas quais terão sido as que eu próprio sofri no passar dos anos? Essa é uma pergunta que eu deixo para a minha família seqüelada pelo tempo responder.