domingo, janeiro 01, 2006
Seqüelas do tempo
Constatar as mudanças oriundas da passagem do tempo nas pessoas é uma tarefa interessante se deixamos de lado a futilidade que cerca o aparecimento de rugas, queda de cabelo e outras questões físicas. As mudanças a que me refiro são pequenas nuances da personalidade, que abrangem modos de pensar, gostos e até hábitos. Esta semana estive reunido com minha família, e tive uma boa oportunidade de exercitar essa atividade. Começo pelo meu pai, que sempre foi avesso a questões tecnológicas. Um simples ato de receber e-mails era motivo de muito cenho franzido, mas qual não foi a minha surpresa quando ele insistiu em mostrar uma mensagem de Feliz Ano Novo erótica que ele já tinha encaminhado sem dificuldade para outras pessoas. Depois, minha mãe me deixou sem palavras quando me repreendeu por estar lendo. Logo ela, que foi quem mais me estimulou a ler quando eu era criança. Não sei porque, mas acho que tem a ver com o fato de eu ter “engolido” um livro de 700 páginas em quatro dias. Em seguida, vem meu irmão, que me atormentou durante toda a minha infância e adolescência, mas que tem se revelado uma pessoa bem fácil de se conviver, inclusive nos momentos ébrios do reveillon. E finalmente minha irmã, outrora uma ávida devoradora de manteiga pura, hoje alguém que tem calafrios quando vê comidas gordurosas. Esses são pequenos exemplos, mas a grande questão é que o velho ditado do macaco que olha para o rabo dos outros porque o seu é curto demais se encaixa bem nessa reflexão. Em outras palavras, é fácil ver o tipo de mudança que os outros sofrem, mas quais terão sido as que eu próprio sofri no passar dos anos? Essa é uma pergunta que eu deixo para a minha família seqüelada pelo tempo responder.
Assinar:
Postagens (Atom)